Para início, vamos conhecer um pouco da história da Fordlândia, uma vila com status de cidade construída, por Henry Ford, criador da montadora de automóveis.
Henry Ford dependia do monopólio inglês de venda da borracha. Quando soube que no Brasil, principalmente a Amazônia, era solo fértil para a produção de seringueiras. A solução por ele encontrada foi ter seu próprio campo de extração do látex. Construindo uma cidade - vila no meio da Amazônia.
Em 1928, uma cidade inteira foi trazida em navios para o Brasil, muitas pessoas foram tentar a vida, naquele pólo promissor, com boa escola e um excelente hospital (construídos pela Ford).
Porém a equipe que veio ao Brasil para estudos preliminares esqueceu de apurar que a monocultura de seringueiras não vinga em terra nenhuma, pelo contrário, dá origem a uma praga que devasta toda a plantação. Não é difícil imaginar o que aconteceu, os Americanos foram embora deixando objetos e toda uma população para trás.
Procurei iniciar nosso texto mostrando um pouco dessa história, para podermos fazer comparações com a “novela do distrito industrial”.
O tema do distrito industrial não é tão novo. Em 1998, esse assunto já era tema da coluna de Bruno Bezerra, no Jornal Pagina Livre, mas mesmo assim, os “gestores públicos” não conseguiram transformar o sonho em realidade.
O tempo passou e as intenções de construção do distrito industrial não saíram da gaveta... Em 2008, em pleno período eleitoral, foi enviado para a Câmara de Vereadores, um “Projeto” de distrito, porém foi rejeitado, por motivos políticos e até mesmo técnicos (fator comprovado em 2009, pela Addiper – Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco).
A inexistência de políticas públicas específicas de desenvolvimento econômico, e a “confusão psicológica” da não diferenciação do que é público e do que é privado, exercida por “alguns” gestores, esquecendo que assim como em uma empresa privada, os gestores públicos devem buscar o planejamento da gestão.
É conhecido, que existe concorrência entre empresas de diversos seguimentos, assim ocorre também com a concorrência, entre cidades, buscando lucros sociais, como a geração de empregos que por sua vez, geram vários benefícios agregados, através do fomento a industrial local.
Arcoverde tem buscado, no meio do sertão atrair indústrias mesmo com dificuldades de água e de localização, Caruaru já está no seu terceiro distrito industrial, que diga-se de passagem não é um distrito focado em apenas uma atividade.
Os investimentos estruturadores estão a mil em nosso estado, as “cidadezinhas” já iniciaram com seus programas de desenvolvimento e incentivo a instalação de novas indústrias como é o caso de Taquaritinga do Norte, Vertentes, Frei Miguelino entre outras “cidadezinhas”.
Nos últimos dias em Santa Cruz do Capibaribe, tem ocorrido um movimento intensivo do empresariado local, para que a idéia do distrito industrial saia do papel e torne-se realidade. Mas que distrito queremos? Um distrito de monocultura? Como assim foi a Fordlândia? Será que nos “estudos” deste novo-velho projeto de distrito, esquecerão o detalhe da dependência de uma única atividade econômica? Ou será analisada a necessidade de termos novos horizontes comerciais.
A Fordlândia tinha tudo para dar certo, terra, recursos financeiros, pessoal, infraestrutura social (fator que e inda é precário por aqui), tecnologia, porém esqueceram que a monocultura de seringueiras não vinga.
Santa Cruz do Capibaribe, não pode torna-se uma Fordlândia, se esquecendo de detalhes, e principalmente colocando os interesses políticos eleitorais e pessoais acima do desenvolvimento de toda uma região. È necessário acordarmos, não dá mais para ouvirmos tanta bobagem pelas ruas, Distrito Industrial Sim, Monocultura Não!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Artigo nosso é publicado no MT 24
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Os Vários Agrestes
Como prometido(No portal Agreste PE), mesmo com atraso, o assunto de nossa coluna essa semana é a respeito dos vários agrestes de Pernambuco.
Isso mesmo, sobre a diversidade econômica dessa região que se estende por uma aréa de aproximadamente 24.400 km², inserida entre a Zona da Mata e o Sertão, representando assim 24,7% do território pernambucano e com 1.800.000 habitantes (25% da população do Estado).
A economista pernambucana Tânia Bacelar de Araújo, em seu trabalho NORDESTE, NORDESTES: QUE NORDESTE?, relata as diferenciações entre as diversas regiões do Nordeste Brasileiro, o papel da Federação Brasileira e as políticas de incentivo ao desenvolvimento adotadas no Nordeste, e seus respectivos resultados.
O Agreste pernambucano possui também diferentes atividades econômicas. É subdividido em três Regiões de Desenvolvimento - RD’s (nomenclatura da Agência Condepe/FIDEM): Agreste Central, Agreste Meridional e Agreste Setentrional.
O AGRESTE CENTRAL, por motivos desde geográficos e históricos, tem seu papel comercial e agloremera importantes centros urbanos com vocações industriais de produção de bens de comsumo, além do seu forte potencial turístico.
Conforme a Ad Diper (Agência de desenvolvimento do Estado), as principais cadeias produtivas da RD são: têxtil e confecção (parte do Pólo de Confecções); logística; indústria extrativista; avicultura e floricultura.
De antemão, já observamos a “miscigenação” de cadeias produtivas do Agreste Central, onde temos cidades como:
Gravatá, que tem como destaques o setor de turismo, floricultura e de móveis; em Belo Jardim, observamos a presença de indústrias de alimentos e de baterias automotivas; em Pesqueira, a usina de Biodiesel. Destacamos também Caruaru como eixo dinâmico desta RD e do interior do estado, com grande diversidade em sua cadeia produtiva, com o setor de serviços e o pólo de confecções - que tem Caruaru como uma das cidades destaque, pólo este que detém 73% da produção de confecções do Estado.
É esperado um maior crescimento do desenvolvimento, após a conclusão da duplicação da BR 104, do Sistema Adutor do Agreste e da Ferrovia Transnordestina.
O AGRESTE SETENTRIONAL, com 6,8% de Participação do PIB de Pernambuco, tem em sua cadeia produtiva, assim como a agreste central, bastante diversificação devido ao desempenho cidades como Santa Cruz do Capibaribe que, com sua indústria de vestuário e serviços, consolidou-se como uma das principais cidades do pólo de confecções do agreste, que também é composto por cidades como Toritama e Caruaru.
A cidade de Limoeiro, com o seu forte comércio, especialmente no setor atacadista de bebidas e alimentos, e sua proximidade com a Região Metropolitana do Recife, consolida-se tão grande importância para esta RD.
Surubim, conhecida por suas vaquejadas, conta com o fortalecimento do setor de serviços e o surgimento de pequenas indústrias de confecções.
Vale destaque para o turismo a cidade de Taquaritinga do Norte que possui diversos atrativos naturais e históricos.
Além das cidades-pólo, produtoras de artesanato: Orobó, Passira, e João Alfredo.
Com 4,1 % do PIB Pernambucano, o AGRESTE MERIDIONAL é evidenciado por suas cadeias produtivas da bovinocultura leiteira e de corte, movelaria, turismo, informática e artesanato.
A pecuária leiteira está arranjada em duas áreas: a não-industrial (criação de animais) e a industrial (fabricação de leite e seus derivados).
A Região contribui com 25% da produção de bovinos, 43% da produção de leite e 57% da produção de feijão, Conforme (Agência Ad Diper).
A cidade de Garanhuns, com o setor de serviços, indústria de alimentos e turismo, é um dos estandartes da RD. Observa-se que, assim como Caruaru está para o Agreste Central, Garanhuns está para o Agreste Meridional.
Em Bom Conselho, cidade integrante do Pólo Leiteiro, a consolidação da indústria do leite é fato consumado na região.
Em linhas gerais, podemos ver como é grande a diversidade econômica do Agreste
Pernambucano, mas toda essa diversidade se dá pelo fortalecimento dos arranjos produtivos locais de cada RD e, principalmente, pela luta de um povo empreendedor e que sonha.
O crescimento do Pólo de Confecções do Agreste
É notório que todo o crescimento econômico ocorrido nos últimos 20 anos, nas cidades que fazem parte do Pólo de Confecções do Agreste (Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru) é fruto do processo de produção de confecção, no passado de forma artesanal e hoje com o uso de tecnologias industriais como o corte computadorizado, entre outros.
Durante esses anos, houve adaptações no meio social e comercial. Com a construção de centros comerciais como o Parque de feira em Toritama, o Parque 18 de Maio em Caruaru e o Moda Center em Santa Cruz, a região consolidou de vez seu papel de grande produtora de confecção do país e da América Latina.
Idéias novas como rodadas de negócios e intercâmbios de informações e tecnologias, adquiridas em feiras como a FENITE, têm proporcionado o fortalecimento deste arranjo produtivo local. Entretanto, ocorre apenas o crescimento econômico e não de fato o desenvolvimento.
Qual é a diferença?
No crescimento ocorre o aumento da riqueza, já no desenvolvimento ocorre o aumento da riqueza atrelada a uma melhor qualidade de vida, no que se refere à educação, saúde, lazer, segurança entre outros.
E qual seria o caminho a ser traçado em busca do desenvolvimento?
Para uma região tão próspera é necessário planejamento, fator desconhecido ou mesmo ignorado entre muitos gestores públicos e privados.
Além do fator planejamento, destacamos a necessidade de investimentos de longo prazo por parte do setor público, na infraestrutura básica dessas cidades, no combate aos gargalos do presente como o número excessivo do tráfego de veículos na BR 104, no trecho entre os municípios de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, que, apesar de estar sendo duplicada, o projeto não contemplará o trecho Pão de Açúcar–Santa Cruz do Capibaribe, proporcionando um efeito funil nesse trajeto.
Há também a perspectiva de futuros gargalos de caráter ambiental, como: diminuição dos aqüíferos, degradação do meio ambiente por parte das inúmeras matérias têxteis sintéticas, entre outros.
É importante destacarmos que a região é carente de investimentos públicos. Apesar de hoje termos um número elevado de trabalho e emprego, o custo de vida também é alto, e caso fique à margem de programas de estado, será difícil viver em cidades que não proporcionam qualidade de vida.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
15 ANOS DE REAL
Durante muito tempo o Brasil atravessou dois grandes desafios. O Desafio da instabilidade política causada principalmente pelos anos de chumbo proporcionado pela ditadura militar e a instabilidade econômica causada principalmente pela a inflação que galopava pelo mercado brasileiro.
Com a promulgação da constituição de 1988, e o desenvolvimento do processo de redemocratização do país, o desafio da instabilidade política de certa maneira foi vencido, mas o desafio de combater a instabilidade econômica não ocorreu de maneira gradual. Foram inúmeras tentativas através de planos econômicos, de mudança de moeda como: O Cruzeiro (1942-1967), o Cruzeiro Novo (1967-1970), o Cruzeiro (1970-1986), o Cruzado (1986-1989), o Cruzado Novo (1989-1990), o Cruzeiro, pela terceira vez (1990-1993) e o Cruzeiro Real (1993-1994). Mas todos esses planos não passavam de medidas paliativas ou mesmo nulas, que combatiam os sintomas, mas não tinham efeito satisfatório no mal em si. O grande vilão da hiper-inflação continuava amedrontando a economia brasileira. Para se ter idéia em 1993 o IPCA –Índice de Preço ao Consumidor Amplo (Medida oficial de inflação para o Governo) chegou a 2.477% ao ano.
Com a meta de “tratar” dessa vez a “doença” inflação e não seus sintomas, foi iniciado o processo para implementação de Plano Real, que o usou da URV- Unidade Real de Valor, e serviu como moeda de conta, onde ela era usada como referencial para o Cruzeiro Real, até que ela fosse emitida como hoje conhecemos o Real.
A URV era atualizada diariamente, e foi utilizada de março á junho de 1994.
Em 1º de junho de 1994, foi implantado o Real, com sua moeda extremamente valorizada (proporcionada pelo processo da URV), para se ter idéia no primeiro mês cada unidade de Real valia aproximadamente US$0,80, proporcionado um aumento no poder de moeda para com os produtos importados, contudo o a implementação do Real teve como base o combate ao fomento da inflação pelo lado fiscal, ou seja, no período antecedente era comum o Governo financiar seus gastos através da emissão de moeda. Quanto mais moeda era emitida e lançada no mercado, mais ela se desvalorizava, (partindo do pré-suposto que a moeda é uma mercadoria, onde o aumento da oferta, diminui se valor de mercado). Se as despesas do Governo eram maiores que as receitas,ocasionando desequilíbrios constantes nas contas do Governo e proporcionando a continuidade de déficits nas contas públicas.
Outra medida do novo plano econômico foi a abertura comercial, que proporcionou a entrada no mercado interno de produtos importados, que atrelados a valorização da moeda nacional favorecia os preços. Tais medidas fizeram com que o empresariado brasileiro não elevasse os preços, e assim, diminuindo a possibilidade de inflação.
Nesses quinze anos de Plano Real, destacamos a valorização cambial que foi defendida à mão de ferro durante o primeiro Governo de Fernando Henrique Cardoso, a qual só foi alterada após a reeleição de FHC. Essa mesma política cambial foi financiada através da queima das nossas reservas internacionais, do processo de privatização das principais estatais, do aumento da divida externa e principalmente pelos especuladores dotados de informações privilegiadas.
Contudo, o real proporcionou a estabilidade econômica, controle da inflação, e principalmente deu a oportunidade dos brasileiros poderem adquirir alguns bens como: Geladeira, Fogão, Automóveis, através de prestações (financiamentos) a taxa fixas, haja vista, que o modelo de financiamento anterior ao período do Real usava de correção monetária, variando os preços das prestações a cada mês. Um fator fundamental foi proporcionar ao trabalhador assalariado o poder de programar suas compras, que era impossível devido a hiper-inflação do período anterior.
Que Plano Real continue com sua estabilidade em forma, e mesmo diante de crises do capitalismo mundial, a política econômica brasileira prossiga no fortalecimento e no fomento ao reconhecimento internacional dessa moeda.
PARABÉNS REAL.
terça-feira, 24 de março de 2009
Novamente os juros...
Durante os últimos 06 (seis) anos a discussão a respeito da taxa básica de juros, sempre esteve na mídia, seja por parte dos trabalhadores e empresários da indústria, que visualizavam na redução dos juros, um vetor ainda maior para o aquecimento da economia Brasileira, ou mesmo por parte dos banqueiros satisfeitos com os dividendos recebidos através dos altos juros promovidos por uma política monetária ortodoxa.
Toda a blindagem construída atrás da política dos altos juros no Brasil, tem por objetivo o controle da tão temida inflação, que atormenta o sono de muita gente. Porém, hoje a crise mundial proporcionou a retração do consumo mundial (da demanda), principalmente nos países desenvolvidos.
É natural admitirmos que com a diminuição da demanda, ocorre à ampliação da oferta de produtos e serviços, e conseqüentemente a diminuição dos preços desses produtos, pois o dinheiro ficou escasso na mão das pessoas.
Pois bem, a crise internacional já respinga, ou melhor, já atinge a economia brasileira, haja vista a queda do PIB em 3,6% no último trimestre segundo dados do IBGE.
Como essa crise tem por variável a confiança (credibilidade) das economias, ocorreu uma forte diminuição da oferta de credito, por parte dos bancos e assemelhados. Toda via, com a taxa básica de juros selic alta(Taxa básica utilizada pela economia brasileira), atrelada a diminuição da oferta de credito, temos a seguinte equação: juros reais ao consumidor e ao empresário, ainda mais altos e escassos.
Na ultima reunião do comitê de política monetária do Banco Central, ocorreu o que já estava previsto. Um corte na taxa básica de juros, de 1,5%, passando a taxa de 12,75% para 11,25%, um corte ainda muito tímido, em comparação com países em desenvolvimento como Turquia e Rússia, que possuem hoje taxas de juros, que descontando a inflação chega a 3%. Analisando o momento atual, o Brasil necessita ainda mais diminuir os juros, e em conseqüência ampliar o crédito ao empresário empreendedor, para promover novas tecnologias e expandir sua produção, gerando mais empregos, e conseqüentemente elevando o consumo atrelado a maior oferta de credito, e de empregos.
Finalizando, nesse momento de crise o Brasil, necessita pensar e realizar reformas estruturais desprendendo-se das amarras, buscando de fato o desenvolvimento necessário à promoção de uma maior distribuição de renda. Em resumo o caminho apontado é reduzir os juros e realizar as reformas necessárias.
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