quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Fordlândia e o Distrito Indústrial

Para início, vamos conhecer um pouco da história da Fordlândia, uma vila com status de cidade construída, por Henry Ford, criador da montadora de automóveis. Henry Ford dependia do monopólio inglês de venda da borracha. Quando soube que no Brasil, principalmente a Amazônia, era solo fértil para a produção de seringueiras. A solução por ele encontrada foi ter seu próprio campo de extração do látex. Construindo uma cidade - vila no meio da Amazônia. Em 1928, uma cidade inteira foi trazida em navios para o Brasil, muitas pessoas foram tentar a vida, naquele pólo promissor, com boa escola e um excelente hospital (construídos pela Ford). Porém a equipe que veio ao Brasil para estudos preliminares esqueceu de apurar que a monocultura de seringueiras não vinga em terra nenhuma, pelo contrário, dá origem a uma praga que devasta toda a plantação. Não é difícil imaginar o que aconteceu, os Americanos foram embora deixando objetos e toda uma população para trás. Procurei iniciar nosso texto mostrando um pouco dessa história, para podermos fazer comparações com a “novela do distrito industrial”. O tema do distrito industrial não é tão novo. Em 1998, esse assunto já era tema da coluna de Bruno Bezerra, no Jornal Pagina Livre, mas mesmo assim, os “gestores públicos” não conseguiram transformar o sonho em realidade. O tempo passou e as intenções de construção do distrito industrial não saíram da gaveta... Em 2008, em pleno período eleitoral, foi enviado para a Câmara de Vereadores, um “Projeto” de distrito, porém foi rejeitado, por motivos políticos e até mesmo técnicos (fator comprovado em 2009, pela Addiper – Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco). A inexistência de políticas públicas específicas de desenvolvimento econômico, e a “confusão psicológica” da não diferenciação do que é público e do que é privado, exercida por “alguns” gestores, esquecendo que assim como em uma empresa privada, os gestores públicos devem buscar o planejamento da gestão. É conhecido, que existe concorrência entre empresas de diversos seguimentos, assim ocorre também com a concorrência, entre cidades, buscando lucros sociais, como a geração de empregos que por sua vez, geram vários benefícios agregados, através do fomento a industrial local. Arcoverde tem buscado, no meio do sertão atrair indústrias mesmo com dificuldades de água e de localização, Caruaru já está no seu terceiro distrito industrial, que diga-se de passagem não é um distrito focado em apenas uma atividade. Os investimentos estruturadores estão a mil em nosso estado, as “cidadezinhas” já iniciaram com seus programas de desenvolvimento e incentivo a instalação de novas indústrias como é o caso de Taquaritinga do Norte, Vertentes, Frei Miguelino entre outras “cidadezinhas”. Nos últimos dias em Santa Cruz do Capibaribe, tem ocorrido um movimento intensivo do empresariado local, para que a idéia do distrito industrial saia do papel e torne-se realidade. Mas que distrito queremos? Um distrito de monocultura? Como assim foi a Fordlândia? Será que nos “estudos” deste novo-velho projeto de distrito, esquecerão o detalhe da dependência de uma única atividade econômica? Ou será analisada a necessidade de termos novos horizontes comerciais. A Fordlândia tinha tudo para dar certo, terra, recursos financeiros, pessoal, infraestrutura social (fator que e inda é precário por aqui), tecnologia, porém esqueceram que a monocultura de seringueiras não vinga. Santa Cruz do Capibaribe, não pode torna-se uma Fordlândia, se esquecendo de detalhes, e principalmente colocando os interesses políticos eleitorais e pessoais acima do desenvolvimento de toda uma região. È necessário acordarmos, não dá mais para ouvirmos tanta bobagem pelas ruas, Distrito Industrial Sim, Monocultura Não!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Artigo nosso é publicado no MT 24

FOI COM GRANDE ALEGRIA, QUE NOSSO ARTIGO FOI PUBLICADO NO PORTAL MATO GROSSO 24 HORA.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os Vários Agrestes

Como prometido(No portal Agreste PE), mesmo com atraso, o assunto de nossa coluna essa semana é a respeito dos vários agrestes de Pernambuco.
Isso mesmo, sobre a diversidade econômica dessa região que se estende por uma aréa de aproximadamente 24.400 km², inserida entre a Zona da Mata e o Sertão, representando assim 24,7% do território pernambucano e com 1.800.000 habitantes (25% da população do Estado).
A economista pernambucana Tânia Bacelar de Araújo, em seu trabalho NORDESTE, NORDESTES: QUE NORDESTE?, relata as diferenciações entre as diversas regiões do Nordeste Brasileiro, o papel da Federação Brasileira e as políticas de incentivo ao desenvolvimento adotadas no Nordeste, e seus respectivos resultados.
O Agreste pernambucano possui também diferentes atividades econômicas. É subdividido em três Regiões de Desenvolvimento - RD’s (nomenclatura da Agência Condepe/FIDEM): Agreste Central, Agreste Meridional e Agreste Setentrional.
O AGRESTE CENTRAL, por motivos desde geográficos e históricos, tem seu papel comercial e agloremera importantes centros urbanos com vocações industriais de produção de bens de comsumo, além do seu forte potencial turístico.
Conforme a Ad Diper (Agência de desenvolvimento do Estado), as principais cadeias produtivas da RD são: têxtil e confecção (parte do Pólo de Confecções); logística; indústria extrativista; avicultura e floricultura.
De antemão, já observamos a “miscigenação” de cadeias produtivas do Agreste Central, onde temos cidades como:
Gravatá, que tem como destaques o setor de turismo, floricultura e de móveis; em Belo Jardim, observamos a presença de indústrias de alimentos e de baterias automotivas; em Pesqueira, a usina de Biodiesel. Destacamos também Caruaru como eixo dinâmico desta RD e do interior do estado, com grande diversidade em sua cadeia produtiva, com o setor de serviços e o pólo de confecções - que tem Caruaru como uma das cidades destaque, pólo este que detém 73% da produção de confecções do Estado.
É esperado um maior crescimento do desenvolvimento, após a conclusão da duplicação da BR 104, do Sistema Adutor do Agreste e da Ferrovia Transnordestina.
O AGRESTE SETENTRIONAL, com 6,8% de Participação do PIB de Pernambuco, tem em sua cadeia produtiva, assim como a agreste central, bastante diversificação devido ao desempenho cidades como Santa Cruz do Capibaribe que, com sua indústria de vestuário e serviços, consolidou-se como uma das principais cidades do pólo de confecções do agreste, que também é composto por cidades como Toritama e Caruaru.
A cidade de Limoeiro, com o seu forte comércio, especialmente no setor atacadista de bebidas e alimentos, e sua proximidade com a Região Metropolitana do Recife, consolida-se tão grande importância para esta RD.
Surubim, conhecida por suas vaquejadas, conta com o fortalecimento do setor de serviços e o surgimento de pequenas indústrias de confecções.
Vale destaque para o turismo a cidade de Taquaritinga do Norte que possui diversos atrativos naturais e históricos.
Além das cidades-pólo, produtoras de artesanato: Orobó, Passira, e João Alfredo.
Com 4,1 % do PIB Pernambucano, o AGRESTE MERIDIONAL é evidenciado por suas cadeias produtivas da bovinocultura leiteira e de corte, movelaria, turismo, informática e artesanato.
A pecuária leiteira está arranjada em duas áreas: a não-industrial (criação de animais) e a industrial (fabricação de leite e seus derivados).
A Região contribui com 25% da produção de bovinos, 43% da produção de leite e 57% da produção de feijão, Conforme (Agência Ad Diper).
A cidade de Garanhuns, com o setor de serviços, indústria de alimentos e turismo, é um dos estandartes da RD. Observa-se que, assim como Caruaru está para o Agreste Central, Garanhuns está para o Agreste Meridional.
Em Bom Conselho, cidade integrante do Pólo Leiteiro, a consolidação da indústria do leite é fato consumado na região.
Em linhas gerais, podemos ver como é grande a diversidade econômica do Agreste
Pernambucano, mas toda essa diversidade se dá pelo fortalecimento dos arranjos produtivos locais de cada RD e, principalmente, pela luta de um povo empreendedor e que sonha.

O crescimento do Pólo de Confecções do Agreste

É notório que todo o crescimento econômico ocorrido nos últimos 20 anos, nas cidades que fazem parte do Pólo de Confecções do Agreste (Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru) é fruto do processo de produção de confecção, no passado de forma artesanal e hoje com o uso de tecnologias industriais como o corte computadorizado, entre outros.
Durante esses anos, houve adaptações no meio social e comercial. Com a construção de centros comerciais como o Parque de feira em Toritama, o Parque 18 de Maio em Caruaru e o Moda Center em Santa Cruz, a região consolidou de vez seu papel de grande produtora de confecção do país e da América Latina.
Idéias novas como rodadas de negócios e intercâmbios de informações e tecnologias, adquiridas em feiras como a FENITE, têm proporcionado o fortalecimento deste arranjo produtivo local. Entretanto, ocorre apenas o crescimento econômico e não de fato o desenvolvimento.
Qual é a diferença?
No crescimento ocorre o aumento da riqueza, já no desenvolvimento ocorre o aumento da riqueza atrelada a uma melhor qualidade de vida, no que se refere à educação, saúde, lazer, segurança entre outros.
E qual seria o caminho a ser traçado em busca do desenvolvimento?
Para uma região tão próspera é necessário planejamento, fator desconhecido ou mesmo ignorado entre muitos gestores públicos e privados.
Além do fator planejamento, destacamos a necessidade de investimentos de longo prazo por parte do setor público, na infraestrutura básica dessas cidades, no combate aos gargalos do presente como o número excessivo do tráfego de veículos na BR 104, no trecho entre os municípios de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, que, apesar de estar sendo duplicada, o projeto não contemplará o trecho Pão de Açúcar–Santa Cruz do Capibaribe, proporcionando um efeito funil nesse trajeto.
Há também a perspectiva de futuros gargalos de caráter ambiental, como: diminuição dos aqüíferos, degradação do meio ambiente por parte das inúmeras matérias têxteis sintéticas, entre outros.
É importante destacarmos que a região é carente de investimentos públicos. Apesar de hoje termos um número elevado de trabalho e emprego, o custo de vida também é alto, e caso fique à margem de programas de estado, será difícil viver em cidades que não proporcionam qualidade de vida.